segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Matemática Tricolor


Santa Rosa era uma cidade majoritariamente colorada no início dos anos 90. Lembro-me que em uma turma do colégio, de 36 alunos, havia apenas cinco gremistas. É um fenômeno difícil de explicar, quanto mais, considerando-se a descendência germânica de grande parte da população. Alguns diriam que lá a terra tem a cor vermelha, porém os geólogos argumentam que isto só se deve à alta quantidade de ferro no solo e nas rochas.
Pouco interessa. O importante para mim, ao menos, é que os gremistas se forjavam num ambiente hostil, o que os tornavam ainda mais aguerridos.
Neste tempo, eu tinha um professor de matemática gremista fanático. A barriga pronunciada e as olheiras denunciavam seu gosto pela cerveja. Tratava-se de um alemão oriundo de Rio Sem Peixe, interior do município de São Paulo das Missões. Conta a lenda que ele tinha muita sede na hora da partida do Grêmio, e não enxugava menos que uma caixa quando seu time do coração jogava.
Com seu destacado sotaque alemão, fazia frases de efeito: “Aluno é que nem papel hichiênico, ou tá enrolado ou tá cacado”.  Quando perguntavam se poderia se utilizar a calculadora na prova, ele lascava: “Sim, metate da nota pra ti, a outra pra caculatora”.
Não obstante a grossura, era uma pessoa correta e justa e, mais importante, um excelente professor de matemática.
No ano em que o Grêmio estava disputando a segundona pela primeira vez, a classe, quase toda colorada, tirava onda do professor (lembrando que naquela época, o Inter não tinha campeonatos internacionais). Ele não se michou: “Era o único título que nos faltafa” Eles calaram a boca. Hehehe.

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