terça-feira, 1 de novembro de 2011

Com o bico do Kichute


Schutz Bicuda!

Certa feita, eu estava na minha querida cidade natal Santa Rosa, região das Missões, micro-região Fronteira Noroeste, a um passo da Argentina.
Um longo e tortuoso caminho liga Santa Rosa a Porto Alegre, perfazendo 500 km. A rodovia serpenteia traiçoeiramente entre as serras, desde Lajeado até Soledade, para alcançar as calmarias das pastagens e da rainha das árvores: a araucária. Ganha-se terreno através de Cruz Alta e Ijuí, e eis, diante dos olhos, o dourado do trigo colhido e os restos da mata nativa preservada, formando um tabuleiro na paisagem, ondulado em suaves coxilhas.
Incontáveis vezes, eu refiz este caminho, para ir aonde o Rio Grande começa... ou termina.
Era um jogo entre o Imortal e o Atlético PR, se estou certo. Assistia a contenda em um bar montado numa velha casa colonial de madeira no Centro de Santa Rosa. A bola sassaricava nas redondezas da área (pulava, como narrava o Celestino Valenzuela), um alemão gremista gritou: “Schutz Bicuda!” Isto significava chutar ao gol de bico.
Desde então, a expressão se transformou em um adágio para mim. Lembrei-me das origens platinas e germânicas do Grêmio. O Schutz Bicuda resumia o ideal tricolor: Foguinho e Ancheta, Iura e Maxi López, Renato e De Leon, Pastor Alemão Adílson e ...sabe-se lá quem.

Com o bico do Kichute

O Kichute, para quem não conheceu, foi uma velha chuteira preta de borracha. Parecia uma galocha para dias de chuva. Mas, até meados dos anos oitenta, este tosco calçado era o que se tinha para jogar futebol de campo. Nem todos, porém, possuíam um.
Eu assisti quando criança algumas partidas do medieval campeonato citadino santa-rosense.
Peñarol da Vila Sulina, União da Vila Agrícola, Palmeiras da Vila Glória, junto a outras equipes clássicas, que chegaram a ganhar o estadual amador nos anos 50, como o Paladino, Aliança e Uruguay, disputavam com ferocidade o título de campeão municipal.
Um amigo que atuou como centroavante neste singular campeonato, contou-me que, sem estar impedido, o bandeirinha levantava a bandeira. Ao fazê-lo, revelava o 38 no calção e, daí, não tinha como reclamar.
Outro amigo, que jogou como goleiro do time do meu bairro, descreveu como um sujeito ligado à equipe adversária o ameaçava com um revólver atrás do gol: “se não passar nenhuma, tu vai morrer!”
Todavia, o que mais me interessa são as partidas que testemunhei de equipes da cidade contra equipes das comunidades do interior, sempre muito aguerridas. O técnico colono passava instruções ao seu time: “Ataracha Rudy! Tu aí de kichute, vamo bega parrelho!”
O espírito Schutz Bicuda!!!

A Pocilga

Eles sonharam em sediar a Copa, hahahahaha!
Meteram os pés pelas mãos.
O remendo vai sair mais caro que um estádio novo.
Va a salir muy caro!
O Grêmio tem um estádio e meio e, eles têm meio estádio. Demoliram uma parte e não sabem o que fazer.
Quando o pé frio Pelé esteve no Beira Rio, eu tive certeza que a coisa não evoluiria.
O Pelé entende de pocilga. O estádio do time dele é uma das pocilgas mais famosas,





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