terça-feira, 29 de novembro de 2011

Nas Paletas

Este episódio aconteceu pelo final dos anos 80, mais ou menos na mesma época de outra história contada aqui (vide postagem “Raio de Ação”).
Era a última rodada do quadrangular final da segundona gaudéria e o Dínamo de Santa Rosa necessitava de uma vitória simples sobre o Guarani de Cruz Alta, para subir à primeira divisão. Por seu turno, o Guarani tinha que garantir a qualquer custo um empate, jogando na casa do alvi-negro da Fronteira Noroeste.
O Estádio Carlos Denardin estava completamente lotado com a mobilização da comunidade. Torcedores que não dispunham de ingresso se empoleiravam nos telhados das casas próximas. Na copa, rolavam soltos a cerveja e o pão com salsichão. Sim meus amigos, há até hoje uma churrasqueira no bar do estádio.
A Todi (Torcida Organizada Dinamite) rufava seus tambores e disparava os tradicionais xingamentos contra a equipe adversária. Mais tarde, eles seriam disparatados pela cavalaria da Brigada Militar, mas este é outro causo.
O presidente do Dínamo era proprietário de uma rede de bordéis e tinha fama de ser homem que não levava desaforo para casa. Acontece que num jogo anterior contra o Guarani, em Cruz Alta, ele havia levado umas bifas de um zagueiro adversário ao invadir a cancha para reclamar da arbitragem. Uma ofensa como esta não ficaria sem resposta.
O dirigente mandou cortar uma árvore de madeira de lei para fazer porretes, que foram ocultos no interior do estádio.
Pois bem, foi um jogo horroroso. O Guarani montou um ferrolho, mantendo o 0-0 com galhardia até o final... e o apito do juiz foi a senha para a pauleira começar. Porretes foram distribuídos entre torcedores frustrados e alcoolizados. A saída pelo único portão foi negada aos cruz-altenses, que tiveram que deixar o estádio pulando o muro, enquanto tomavam pauladas nas paletas.
O presidente olhava satisfeito para sua obra. Conta a lenda que comentou: “Perdemo mas caguemo eles a pau.”



quarta-feira, 9 de novembro de 2011

O homem que cuspiu em Riquelme



O torcedor do Olimpo Carlos Suarez está proibido de assistir aos jogos do seu time. Tudo porque a televisão o flagrou cuspindo em Riquelme, na hora em que o jogador foi cobrar um escanteio num jogo do Boca contra o Olimpo em Bahia Blanca.

"Cuando faltaban quince minutos para que terminara el partido, lo tuvo a Riquelme cerca del alambrado y no lo pensé: lo escupí dos veces. Tampoco foran garzos muy trabajados, salieran así como estaban", descreveu Suarez para a revista Maxim, esclarecendo que se tratava apenas de saliva e não de catarro.

Ele ficou revoltado com a punição e com os comentários de jornalistas da capital, que disseram ser Bahia Blanca uma cidade de "guanacos" (sabe-se que estes animais andinos cospem muito). Explicou ainda que a barra do Olimpo da qual faz parte, "La 74", ao contrário de outras torcidas, não é violenta e nunca se mete em confusão.

"Cuando Olimpo juega en Buenos Aires, los de Boca nos escupen todo el tiempo... a los equipos del interior no los quiere en capital", afirmou o torcedor, lembrando que o número 10 do Olimpo, Martin Rolle, levou cuspidas todo o tempo em partida ganha pela equipe bahiense em plena Bombonera por 2-0.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Raio de Ação

No final dos anos 80, o Dínamo de Santa Rosa tinha um time muito competitivo na Segundona Gaúcha. A equipe estava prestes a subir para o primeiro grupo estadual, o que, efetivamente, ocorreria um ano mais tarde. As primeiras fases eram regionais e o alvi-negro santa-rosense disputava o grupo Missões, com o Oriental de Três de Maio, Elite de Santo Ângelo, Guarani de Cruz Alta, etc. Quem passasse por isto, o que não era nem um pouco fácil, estaria preparado de forma adequada para enfrentar Glória, Bagé, 14 de Julho e outros times tradicionais do interior.
O problema é que quase metade do elenco do Dínamo era de presidiários... e o juíz só autorizava viagens até 100 km.Sabe como é, eles não podiam pousar fora do internato.
Aconteceu que, com as jornadas mais longas para as partidas das fases posteriores, o time enfraqueceu e, naquele ano, não subiu.
Como diria o Dick Vigarista: Raios Múltiplos!!!

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Com o bico do Kichute


Schutz Bicuda!

Certa feita, eu estava na minha querida cidade natal Santa Rosa, região das Missões, micro-região Fronteira Noroeste, a um passo da Argentina.
Um longo e tortuoso caminho liga Santa Rosa a Porto Alegre, perfazendo 500 km. A rodovia serpenteia traiçoeiramente entre as serras, desde Lajeado até Soledade, para alcançar as calmarias das pastagens e da rainha das árvores: a araucária. Ganha-se terreno através de Cruz Alta e Ijuí, e eis, diante dos olhos, o dourado do trigo colhido e os restos da mata nativa preservada, formando um tabuleiro na paisagem, ondulado em suaves coxilhas.
Incontáveis vezes, eu refiz este caminho, para ir aonde o Rio Grande começa... ou termina.
Era um jogo entre o Imortal e o Atlético PR, se estou certo. Assistia a contenda em um bar montado numa velha casa colonial de madeira no Centro de Santa Rosa. A bola sassaricava nas redondezas da área (pulava, como narrava o Celestino Valenzuela), um alemão gremista gritou: “Schutz Bicuda!” Isto significava chutar ao gol de bico.
Desde então, a expressão se transformou em um adágio para mim. Lembrei-me das origens platinas e germânicas do Grêmio. O Schutz Bicuda resumia o ideal tricolor: Foguinho e Ancheta, Iura e Maxi López, Renato e De Leon, Pastor Alemão Adílson e ...sabe-se lá quem.

Com o bico do Kichute

O Kichute, para quem não conheceu, foi uma velha chuteira preta de borracha. Parecia uma galocha para dias de chuva. Mas, até meados dos anos oitenta, este tosco calçado era o que se tinha para jogar futebol de campo. Nem todos, porém, possuíam um.
Eu assisti quando criança algumas partidas do medieval campeonato citadino santa-rosense.
Peñarol da Vila Sulina, União da Vila Agrícola, Palmeiras da Vila Glória, junto a outras equipes clássicas, que chegaram a ganhar o estadual amador nos anos 50, como o Paladino, Aliança e Uruguay, disputavam com ferocidade o título de campeão municipal.
Um amigo que atuou como centroavante neste singular campeonato, contou-me que, sem estar impedido, o bandeirinha levantava a bandeira. Ao fazê-lo, revelava o 38 no calção e, daí, não tinha como reclamar.
Outro amigo, que jogou como goleiro do time do meu bairro, descreveu como um sujeito ligado à equipe adversária o ameaçava com um revólver atrás do gol: “se não passar nenhuma, tu vai morrer!”
Todavia, o que mais me interessa são as partidas que testemunhei de equipes da cidade contra equipes das comunidades do interior, sempre muito aguerridas. O técnico colono passava instruções ao seu time: “Ataracha Rudy! Tu aí de kichute, vamo bega parrelho!”
O espírito Schutz Bicuda!!!

A Pocilga

Eles sonharam em sediar a Copa, hahahahaha!
Meteram os pés pelas mãos.
O remendo vai sair mais caro que um estádio novo.
Va a salir muy caro!
O Grêmio tem um estádio e meio e, eles têm meio estádio. Demoliram uma parte e não sabem o que fazer.
Quando o pé frio Pelé esteve no Beira Rio, eu tive certeza que a coisa não evoluiria.
O Pelé entende de pocilga. O estádio do time dele é uma das pocilgas mais famosas,